O expressivo resultado do Partido Verde marcou as eleições europeias na Alemanha. Com papel-chave dos jovens, a legenda ambientalista dobrou seu apoio e desponta como a segunda força alemã no Parlamento Europeu.
As eleições europeias, que se encerram neste domingo (26/05) após quatro dias de votação no continente, foram marcadas pela ascensão do Partido Verde na Alemanha e uma queda drástica no apoio aos partidos que formam a coalizão de governo da chanceler federal, Angela Merkel.
As projeções apontam 20,7% dos votos para os verdes, que despontam em segundo lugar no país. O resultado representa o dobro do apoio obtido nas eleições de cinco anos atrás e é o maior alcançado pela legenda numa votação em nível nacional.
A eurodeputada alemã Ska Keller, membro da Aliança '90/Os Verdes, parte do Partido Verde Europeu, comemorou a cifra neste domingo. "É uma grande celebração, mas é também uma grande responsabilidade. É uma grande tarefa colocar em ação aquilo que as pessoas nos pedem: proteção climática, justiça social na Europa e a luta por liberdades civis em todo lugar."
A ascensão dos verdes foi uma tendência observada também em outros países europeus. Na França, as projeções apontam mais de 12% dos votos para o Partido Verde, bem acima dos 8,9% obtidos em 2014. Na Áustria, Irlanda e Holanda, eles devem obter mais de 10%. Ao todo, os verdes em toda a União Europeia devem ocupar 70 assentos no Parlamento de 751 lugares.
O resultado favorável para os ambientalistas coincide com a onda de protestos de adolescentes e estudantes na Alemanha e em outros países em prol de uma política climática mais responsável.
Os verdes também tiveram resultados favoráveis na Áustria (foto) e em outros países europeus
Os jovens tiveram, de fato, um papel-chave no resultado histórico do Partido Verde: 33% dos alemães abaixo dos 30 anos votaram na legenda. Neste grupo, o partido de Merkel, a União Democrata Cristã (CDU), obteve apenas 13% dos votos, e a legenda populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD), só 6%.
Num contexto geral, a CDU de Merkel, que vem caindo em popularidade na Alemanha, perdeu drasticamente seu apoio nestas eleições, embora continue sendo o partido mais forte: os resultados parciais apontam 28,7% dos votos para a legenda e para sua sigla irmã, a União Social Cristã (CSU).
Já o Partido Social-Democrata (SPD), que integra a coalizão de governo ao lado da CDU/CSU, caiu para terceiro lugar na Alemanha, com menos de 16%.
O eleitorado foi duro com a coalizão governista, que nunca se saiu tão mal nas eleições europeias. Em comparação com o pleito de 2014, o SPD caiu cerca de 11 pontos percentuais, enquanto a CDU/CSU perdeu pouco menos de sete pontos.
Os populistas da AfD, por sua vez, não tiveram resultado muito diferente do de cinco anos atrás, alcançando cerca de 11% dos votos, segundo as parciais. A cifra, porém, fica abaixo do que eles obtiveram nas eleições nacionais de 2017 (12,6%). Já A Esquerda e o Partido Liberal Democrático (FDP) tiveram 5,4% cada um.
Neste ano, muitos alemães foram às urnas. A participação do eleitorado foi de 61,5% na Alemanha, um percentual bem acima do registrado no último pleito, quando foi de 48,1%.
Em toda a Europa, o comparecimento foi de 51% em 27 nações. O porta-voz do Parlamento Europeu Jaume Duch Guillot afirmou que a cifra, que exclui o Reino Unido, é a maior em pelo menos 20 anos e inverte anos de declínio constante.
Os quatro dias de votação terminam neste domingo, e 426 milhões de pessoas em 28 Estados-membros foram convocados para escolher os 751 deputados que vão compor o Parlamento Europeu pelos próximos cinco anos.
Fonte: DW Notícias
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