O pensamento marxista de maior potência e irradiação histórica no século XX foi escrito em resposta à ascensão do fascismo, vinculando definitivamente o futuro da esquerda à sua capacidade de construir hegemonia na república democrática, de atualizar historicamente os valores da tradição do humanismo e de ser a expressão mais alta da aspiração humana à liberdade
A primeira resposta de Gramsci à ascensão do fascismo italiano foi entendê-lo como o resultado catastrófico de uma situação de impasse prolongado entre uma ordem liberal em crise e uma esquerda expressiva de um movimento operário no norte em radicalização e de um movimento camponês em processo de sublevação no sul. Esta seria, de fato, uma resposta leninista: um empate na correlação de forças em meio a uma grave crise nacional teria sido resolvido por uma contra-revolução. O momento regressivo da força impôs-se em meio a uma crise de legitimidade do Estado.
Sem propriamente desmentir esta primeira tese de explicação, a reflexão de Gramsci nos Cadernos do Cárcere o levaria, na solidão trágica da derrota, a uma pergunta mais difícil de responder: por que o partido de Mussolini conseguiu elaborar, em seus próprios valores, uma solução política para a crise italiana? O movimento fascista italiano havia formado uma paixão nacional, uma força política e um bloco de classes capaz de refundar o Estado italiano. E por que as esquerdas não conseguiram?
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