Lésbica, de origem humilde e símbolo da luta contra a corrupção, vitória de Claudia López é marco em um país acostumado a ser liderado por homens de elite. Resultados das eleições no país representam golpe ao uribismo.
Claudia López, símbolo da luta contra a corrupção na Colômbia, se tornou a primeira mulher eleita prefeita de Bogotá neste domingo (27/10), nas primeiras eleições locais no país após o histórico acordo de paz que colocou fim a um conflito armado de meio século.
López, de 49 anos, candidata da Aliança Verde, de centro-esquerda, derrotou dois candidatos conservadores e um de esquerda, e irá suceder o atual prefeito, Enrique Peñalosa, liberal. Ela obteve 35% dos votos, uma vantagem apertada sobre o segundo colocado, o liberal Carlos Fernando Galán.
Ex-pesquisadora e colunista de veículos de imprensa, López ganhou notoriedade após ajudar a revelar conexões entre parlamentares colombianos e grupos paramilitares de direita. Ela foi forçada e se mudar de país após o escândalo vir à tona, mas depois retornou, foi eleita senadora em 2014 e se candidatou a vice-presidente na eleição presidencial de 2018.
"Nós não apenas vencemos, mas estamos mudando a história", afirmou ela em sua conta no Twitter após o resultado do pleito ser conhecido. A vitória de López, que é abertamente lésbica e vem de origem humilde, é um passo significativo em um país acostumado a ser liderado por homens de elite.
"Ser mulher não é uma falha, ser uma mulher obstinada e firme... não é uma falha. Ser gay não é uma falha, ser uma garota de uma família modesta não é uma falha", disse ela à agência de notícias AFP na última semana.
O resultado também foi interpretado como um referendo sobre a gestão do presidente Iván Duque, de direita, que elogiou o processo eleitoral deste ano por ter atraído "o maior número de candidatos da história".
A vitória de López e os demais resultados dos pleitos deste domingo, que elegeram os governos de mais de 1.100 prefeituras e 32 departamentos, representaram uma derrota para o Centro Democrático, partido de Duque e fundado pelo ex-presidente Álvaro Uribe.
Em Medellín, segunda cidade da Colômbia, o candidato independente Daniel Quintero foi eleito com ampla vantagem sobre Alfredo Ramos, do partido governista. No departamento de Antioquia, um dos bastiões do uribismo, o Centro Democrático também perdeu a disputa.
"Perdemos, reconheço a derrota com humildade. A luta pela democracia não tem fim", afirmou o ex-presidente Uribe quando tomou conhecimento dos resultados.
As eleições locais são as primeiras a serem realizadas desde a assinatura dos acordos entre o Estado e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). López foi uma grande defensora do processo de paz com o grupo.
O processo eleitoral, contudo, foi marcado por episódios de violência, segundo um grupo de monitoramento independente. Desde que os partidos confirmaram a lista dos nomes que estariam nas urnas, na última semana de julho, sete candidatos foram assassinados, 88 foram ameaçados, 12 foram alvo de ataques e um foi sequestrado, segundo a missão de observação eleitoral.
Fonte: DW Notícias
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