O presidenciável do PSOL propõe o aumento de impostos para os ricos, mais plebiscitos e referendos e o controle externo do Judiciário
As negociações partidárias limitaram o número de candidaturas presidenciais do campo progressista. Com Lula preso, o PT sem representante nos debates e Ciro Gomes em busca do eleitorado centrista, resta a Guilherme Boulos, do PSOL, a missão de exercitar a crítica ao golpismo do Judiciário e a perseguição política ao ex-presidente, expor os presidenciáveis que apoiaram desde a primeira hora o impeachment de Dilma Rousseff e a ascensão de Michel Temer (“os 50 tons de Temer”, de acordo com sua definição), e criticar de maneira mais contundente o sistema financeiro. Boulos, não se pode negar, cumpre as tarefas com denodo. “Precisamos dialogar com os desiludidos e os insatisfeitos”, afirma. “Caso contrário, vamos empurrar o eleitorado para o colo do Bolsonaro.”
CartaCapital: Há três candidaturas identificadas com um mesmo campo e que em vários pontos defendem ideias parecidas: a sua, a de Lula/PT e a de Ciro Gomes. Por que o eleitor deveria escolher o senhor?
Guilherme Boulos: A minha candidatura formou-se com o objetivo de apresentar um projeto de mudança do Brasil. Não dá mais para implementar políticas sociais e avançar na oferta de direitos à população sem enfrentar privilégios. Ou seja, enfrentar os bancos, baixar juros, atacar o Bolsa Banqueiro, o Bolsa Empresário. Fazer uma reforma tributária que obrigue os ricos a pagar impostos. Vamos taxar lucros e dividendos e grandes fortunas. Defendo essas propostas sem ambiguidade. Sem medo. Ao mesmo tempo, apresentamos uma nova alternativa política.
CC: Qual?
GB: Nos últimos quatro meses visitei 22 estados. O que mais tenho visto é a descrença. “Não tem jeito... Não venha falar de política... É tudo igual.” É o que ouço. Precisamos dialogar com os desiludidos e os insatisfeitos. Caso contrário, os descrentes vão direto para o colo da extrema-direita, do Bolsonaro. Ele, da maneira mais farsante do mundo, coloca-se como alternativa ao sistema político. Um cara que há 27 anos é deputado, foi do partido do Paulo Maluf, ligado à bandalheira que a gente conhece. É preciso ousadia para se colocar contra o sistema.
Precisamos refundar a democracia. Não se pode adotar um discurso que aponte para um lado e uma prática que vá na outra direção. Dizer, como o PT faz, que pretende mudar o sistema político e se aliar com o Eunício de Oliveira no Ceará, com o Renan Calheiros em Alagoas. Manter a mesma estrutura que levou ao golpe contra Dilma Rousseff não me parece algo que se possa classificar de coerência. Não dá mais para fazer aliança com o Centrão e com o MDB.
Confira a entrevista completa no site https://www.cartacapital.com.br/politica/boulos-o-brasil-nao-muda-sem-atacar-os-privilegios
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