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Censo de moradores de rua em Berlim

Voluntários contarão quantas pessoas vivem nas ruas da capital alemã. Estima-se que haja até 10 mil sem-teto na cidade, mas o número exato é uma incógnita. Censo servirá para o desenvolvimento de políticas públicas.

Não se sabe exatamente quantas pessoas vivem nas ruas da capital alemã

Na noite de 29 de janeiro de 2020, centenas de pessoas sairão às ruas de Berlim em busca de moradores de rua. O grupo terá como missão descobrir quantas pessoas vivem nas ruas da capital alemã. 


Numa espécie de censo, cerca de 450 duplas caminharão pela cidade na noite fria de janeiro em busca dos moradores de rua. Além de contar, quantos são, as duplas irão questioná-los sobre a situação de cada um e sua origem.


Os grupos de entrevistadores voluntários serão compostos por pessoas que falem outras línguas além do alemão. O projeto foi batizado de "Noite da Solidariedade".


"As pessoas que moram nas ruas são parte desta cidade", afirmou a secretária de Cidadania, Elke Breitenbach, à emissora local rbb, que junto com instituições sociais desenvolveu diretrizes para abordar a questão dos sem-teto. O censo é o passo inicial destas medidas.


As informações descobertas no levantamento servirão de base para a formulação de políticas públicas voltadas às necessidades de moradores de rua. Atualmente, a prefeitura de Berlim investe 8,3 milhões de euros (cerca de 37 milhões de reais) por ano em 27 projetos de ajuda aos sem-teto. Com as novas diretrizes, será possível abordar a questão buscando soluções direcionadas.


Ninguém sabe o número exato de pessoas nessa condição em Berlim. Estima-se que sejam entre 4 mil e 10 mil. Muitas vieram de outros países da Europa, principalmente do leste do continente, em busca de uma vida melhor, mas acabaram perdendo o rumo na capital alemã.


Outras, antes de perderam o teto, enfrentaram dramas familiares, doenças psicológicas, vícios ou crise financeira. Saber as causas que levaram pessoas a morar na rua é importante para desenvolver políticas voltadas para prevenir essa situação.


No inverno, a vida nas ruas se torna especialmente perigosa. Pessoas ficam expostas a temperaturas negativas, chuvas e neve e correm o risco de morrer de hipotermia. Atualmente, há na capital alemã cerca de 1,2 mil camas em abrigos para receber moradores de rua durante esse período.


Além disso, estações de metrô costumam ficar abertas à noite, e um ônibus circula pela cidade em busca daqueles que desejam ir para abrigos ou cafés que ficam abertos a noite toda para receber pessoas desabrigadas.


As novas diretrizes da prefeitura devem aumentar o número de vagas disponíveis em abrigos, estabelecer padrões de qualidade obrigatórios nestes locais e criar locais seguros para os sem-teto, onde eles possam viver o ano todo e com acesso à cozinha e banheiro – por exemplo, em terrenos onde possam ser construídas pequenas casas de madeira. A ideia é criar pequenas comunidades onde essas pessoas possam viver com o mínimo de dignidade.


Além disso, Berlim quer aumentar o número de apartamentos destinados a abrigar moradores de rua e desenvolver medidas para evitar que pessoas percam suas casas, como facilitar o processo para que o Estado assuma dívidas de aluguel.


Um sistema deve simplificar também o processo de busca por acomodações para sem-teto, ao listar vagas disponíveis e para quem elas são adequadas – por exemplo, mulheres com crianças, só mulheres ou deficientes físicos.


As diretrizes foram desenvolvidas junto com instituições sociais que prestam auxílio a moradores de rua. Com elas, a prefeitura pretende diminuir ao menos um pouco o sofrimento daqueles que não têm um teto.


Clarissa Neher é jornalista da DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.


Fonte: DW Notícias

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