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Cidades: da especulação à Reforma Urbana


No final dos anos de 1970, quando arquitetos e urbanistas da minha geração começaram a se envolver com o tema das políticas urbanas, a situação das cidades brasileiras era de precariedade e pobreza, sobretudo em suas extensas periferias em formação. Desprovidas de água, luz, esgoto, pavimentação e calçadas, não eram poucas as casas com chão de barro e paredes de pau-a-pique, papel ou lona.

Apesar de aquelas situações serem agora menos recorrentes, dois fatores me levam a imaginar que a crise urbana talvez seja hoje ainda mais grave do que naquele momento. O primeiro fator é o retorno, a partir do início desta década, de situações de extrema precariedade que nos pareciam excepcionais e que há muito não se viam. Quando encontramos, nas franjas metropolitanas de São Paulo, casas feitas de papelão ou famílias cozinhando com lenha em plena cidade, percebemos que as conquistas sociais estão longe de se consolidar no país.


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