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Comuns, a essência do Pós-Capitalismo

O velha classe operária acabou. As lutas típicas dos séculos passados perderam relevância. Na era do precariado, surgem novas formas de produzir e distribuir riquezas. A esquerda brasileira precisa superar a melancolia e se voltar a elas




Por Antonio Martins | Vídeo: Gabriela Leite | Imagem: Eric Drooker, Estilingue

Resgatar a esquerda social brasileira da maré de pessimismo em que mergulhou desde 2016 é árduo, mas indispensável. Em textos anteriores, vimos o avanço de Bernie Sanders, candidato declaradamente socialista, nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. Ao fazê-lo, mostramos que há espaço para conter o avanço da ultradireita, quando se dialoga com as angústias da maioria (inclusive o descrédito com a velha política) e se exploram as novas possibilidades de construir sociedades mais igualitárias e mais democráticas, nas condições totalmente novas do século XXI. Depois, numa edição intitulada “Decifrando Bolsonaro”, expusemos como funciona, no governo brasileiro atual, a aliança entre o ultracapitalismo dos punhos de renda (o de Paulo Guedes e da aristocracia financeira), e o protofascismo do porrete (o do próprio Bolsonaro, de seus filhos, dos ministros patéticos). Naquele programa, demonstramos que a fórmula só funciona porque falta oposição. Perdem-se, todas as semanas, dezenas de oportunidades, tanto de denunciar os efeitos perversos das medidas do governo quanto – ainda mais importante – de propor uma agenda de transformações, de imaginar outro futuro e sua construção, de mostrar que há vida além do labirinto em que nos perdemos.

Mas é necessário também tratar mais especificamente deste futuro. É preciso mostrar que a ultradireita atual, assim como o fascismo há cem anos, é impotente e infértil – no sentido de não expressar um projeto novo, mas a reação desesperada do capitalismo a uma realidade que surgiu e que o desafia. Para isso, iremos nos apoiar na ideia do Comum. É um conceito recente, porém cada vez mais debatido na Sociologia, na Filosofia e em especial na Política, quando se fala nas alternativas contemporâneas à exploração das maiorias.





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