O que significa partir da maior floresta tropical do planeta rumo à Antártida? É o que Eliane Brum conta em um diário a bordo de um navio do Greenpeace que zarpou neste sábado.
O que significa partir da maior floresta tropical do planeta para àquela que foi considerada a última fronteira? Da Amazônia à Antártida, esta é a viagem que conto neste diário a bordo do navio Arctic Sunrise, do Greenpeace. Organizada para pesquisar o impacto do colapso climático sobre o continente gelado, em especial sobre as colônias de pinguins, a expedição reúne nove cientistas, alguns com 25 anos de experiência na Antártida. No início do século 20, a corrida para o polo sul marcava o olhar do conquistador que precisava fincar sua bandeira sobre a terra que desbravava. Hoje, no século 21, nosso desafio é dimensionar o impacto da ação humana que alterou o clima do planeta e buscar caminhos para reduzi-lo. Deixo uma floresta em convulsão, cada vez mais perto do ponto de não retorno, para me embrenhar num universo que literalmente derrete.
Acompanhe os relatos da viagem:
Em algumas horas estarei a bordo do Arctic Sunrise, um navio mítico da organização ambiental Greenpeace, usado para pesquisas científicas e ações de denúncia pelo mundo. Assim começa o primeiro capítulo deste diário.
No segundo relato enviado da Antártida, Eliane Brum narra o sentimento de “maravilhamento” que tomou conta dela ao entrar em um território livre de carimbos: “Sentia saudade de chorar pela beleza. Chegando na Antártida, eu chorei e chorei”.
Sabe quando você está entrando na casa dos outros sem pedir licença? Em seu terceiro relato enviado da Antártida, a jornalista escreve sobre o incômodo de pisar na morada, ainda preservada, dos pinguins.
Cada um no Arctic Sunrise tem uma história grande. É quase um navio de batalha por boas causas do mundo. Mas ninguém ali poderia imaginar que um dia enxergaria a garganta de uma jubarte, conta a jornalista em seu quarto relato de expedição na Antártida.
Sabemos o quanto os motores dos navios, barcos e botes poluem os mares. Há ainda os sonares militares. A contaminação sonora confunde a comunicação das baleias, assim como o seu senso de direção, relata a jornalista em expedição no continente gelado.
Acampamos numa ilha na Antártida onde não existe registro de que alguém tenha dormido antes. Como típica humana tive dois pensamento reativos: “Ai! Estamos incomodando os pinguins”.
No sétimo capítulo do diário de bordo na Antártida, a jornalista observa uma colônia de animais humanos endinheirados em estado de total negação da realidade.
Fonte: El País
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