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Economista pesquisa sobre as parcerias institucionais com as cooperativas de materiais recicláveis

A pesquisadora conversou com a equipe do CataAmazon realizado pelo Programa Interdisciplinar Trópico em Movimento, da Universidade Federal do Pará (UFPA), sobre o seu estudo e a importância das cooperativas nas ações de coleta seletiva e no desenvolvimento de uma economia sustentável e solidária.


Herlem Ferro é economista e técnica do Departamento de Resíduos Sólidos da SEMMAT/ Benevides.


Um dos maiores desafios do Brasil e um dos principais problemas ambientais do mundo, principalmente em áreas urbanas, são os resíduos sólidos. De acordo com os dados divulgado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), indicam que a quantidade de lixo produzido no país a cada ano vem batendo recorde. Em 2015, o Brasil produziu 79,9 milhões de toneladas de lixo, aumento de 1,7% em comparação a 2014. Já em 2017, a geração de resíduos sólidos urbanos (RSU) foi de 78,4 milhões de toneladas, aumento de 1% em relação a 2016.


Para diminuir essa geração indiscriminada de lixo e garantir a sua coleta de forma seletiva, as cooperativas e associações são alternativas importantes para melhorar a qualidade de vida nas cidades, por meio do desenvolvimento sustentável e da sua organização solidária que busca melhorar as ações de Coleta Seletiva.


A pesquisadora e economista Herlem Carlem Ferro, desenvolve há dez anos, trabalhos com várias Cooperativas de Catadores. Ela participou do Projeto Pró-Catador e atualmente é técnica do Departamento de Resíduos Sólidos da SEMMAT/ Benevides. Recentemente, apresentou um estudo de caso sobre a Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis de Benevides (RECICLABEN), intitulado “Quando as Parcerias Institucionais são obrigatórias: Um estudo de caso da Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis de Benevides”.


O seu estudo traz uma reflexão por meio dos conceitos aplicados nas literaturas acadêmicas, fazendo um paralelo com os efeitos da Lei 12.305, que reforça a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Dentre os resultados, demonstrou que a Cooperativa de Catadores de Benevides, passou a prosperar melhor a partir de 2017. Este avanço se deu por intermédio da parceria entre as principais instituições envolvidas, tais como: a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Benevides (SEMMAT), o Ministério Público do Estado do Pará (MP), a Associação Nacional dos Catadores (ANCAT) e a Universidade Federal do Pará (UFPA).

A pesquisadora conversou com a equipe do CataAmazon realizado pelo Programa Interdisciplinar Trópico em Movimento, da Universidade Federal do Pará (UFPA), sobre o seu estudo e a importância das cooperativas nas ações de coleta seletiva e no desenvolvimento de uma economia sustentável e solidária.


CataAmazon: Então, como desenvolver a sustentabilidade e a economia no âmbito industrial?


Herlem: “Os termos Sustentabilidade Econômica ou Desenvolvimento Sustentável são termos ou conceitos completamente antagônicos quando se refere a nossa economia de mercado atual. É impossível, por exemplo, dinamizar a indústria sem exaurir os recursos naturais. O que o Desenvolvimento Sustentável aponta é apenas uma direção para minimizar os graves problemas da industrialização. Nesse sentido, podemos trabalhar para desenvolver mecanismos relativamente eficientes de sustentabilidade, para alguns setores da economia, sendo estes, os que possuem maior proximidade com a Economia Solidária.”


CataAmazon: Qual ou quais o (s) mecanismo (s) mais eficiente (s) para isso?


Herlem: “O que precisamos é de uma reformulação completa em nossas aspirações, preferências e consumo, para que possamos realmente dizer para a indústria o que queremos ou precisamos consumir, por enquanto ainda consumimos como zumbis. Porém, é crescente a consciência ambiental dos consumidores, e nós brasileiros mesmo que mimeticamente tendemos a copiar essa evolução e essa tendência ambientalmente correta vem evoluindo.”


CataAmazon: Na sua pesquisa, você ressalta a importância da economia solidária no desenvolvimento das cooperativas, o que seria? E como desenvolvê-la?

Herlem: “As Cooperativas são por natureza empreendimentos da Economia solidária e as Cooperativas de Catadores de Materiais Recicláveis foram consideradas prioridades na Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES), do Governo Federal, justamente pelo trabalho que desenvolvem e pelo público que representam esses empreendimentos. Então, só podemos melhorar economicamente ajudando os menos favorecidos, na prática, comprando produtos de associações e cooperativas de empreendimentos solidários que, gera renda diretamente para um grupo maior de pessoas. Nesse sentido, a Economia Solidária ajuda na organização desses empreendimentos e na priorização do desenvolvimento local.”


CataAmzon: Você destaca ao longo da sua pesquisa sobre a Responsabilidade Compartilhada. Do que se trata e como realizá-la?

Herlem: “A Responsabilidade Compartilhada ou Responsabilidade Social Compartilhada pretende demonstrar que: todos os agentes, gestor público, cidadãos e fabricantes, possuem responsabilidade na questão dos Resíduos Sólidos. Para tanto, é usado o termo Acordo Setorial, que é um acordo de natureza contratual entre o Setor Público e os fabricantes, visando a Responsabilidade Compartilhada pelo Ciclo de Vida do Produto e todos nós cidadãos, poder público e fabricantes devemos nos responsabilizar pelos nossos resíduos, assim estaremos Compartilhando nosso dever.”


CataAmazon: Sua pesquisa sobre a situação dos resíduos sólidos foi realizada no município de Benevides, região metropolitana de Belém. Você encontrou alguma especificidade em relação as necessidades de organização dessas cooperativas?

Herlem: “Fundamentalmente o aspecto voltado para a formação desses cooperados, pois podemos observar que em todas as questões sociais e também econômicas, a falta de informação é o principal propulsor de ações desastrosas e no que se refere a Economia solidária também se aplica. A base de todo empreendimento econômico solidário é a formação, sem formação os associados não conseguem entender e muito menos defender o sistema que estão buscando desenvolver e as Cooperativas de Catadores de Materiais Recicláveis são as cooperativas mais fragilizadas nesse sentido, por isso devem ser prioritárias.”


CataAmazon: Enquanto pesquisadora e cidadã, o que você considera mais urgente no sentido de aprimorar e otimizar o tratamento dado aos resíduos sólidos dentro das cooperativas de materiais recicláveis?

Herlem: “Equipamentos adequados, e claro, formação para a boa utilização desses equipamentos.”


CataAmazon: Qual a importância da participação das Universidades, como é o caso, da UFPA, por meio do projeto Incubação, para o desenvolvimento do trabalho de reciclagem dentro das cooperativas?

Herlem: “As universidades são elos importantes da incubação, pois é dentro das universidades que são pensados os mecanismos de aperfeiçoamento desses empreendimentos, levando em consideração seus aspectos sociais, suas fragilidades econômicas e sua importância para o desenvolvimento local.”


CataAmazon: Então, como as universidades públicas e privadas podem auxiliar na promoção dessas cooperativas?

Herlem: “Apoiando através de projetos, parcerias e incentivando as pesquisas nessa área de atuação.”




Herlem Carlem de Jesus Alves Ferro é Economista formada pela UFPA/ Mestra em Economia Solidária e Inovação pela Université de Toulouse/Fr. Trabalhou com várias Cooperativas de Catadores, participou do Projeto Pro-Catador e atualmente é técnica do Departamento de Resíduos Sólidos da SEMMAT/ Benevides.


Veja também no site Cataamazon https://www.cataamazon.net/blog/economista-pesquisa-sobre-as-parcerias-institucionais-com-as-cooperativas-de-materiais-recicl%C3%A1veis



Por Karina Samille Costa

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