NESTE DOMINGO, A revista inteira do New York Times foi composta de apenas um artigo sobre um único assunto: a falha em combater a crise global do clima durante os anos 1980, uma época em que a ciência sobre o tema estava consolidada e a política parecia se alinhar ao debate. Escrito pelo romancista Nathaniel Rich, esse trabalho de história é repleto de revelações privilegiadas sobre caminhos que deixamos de seguir que, em diversas ocasiões, me fizeram xingar a plenos pulmões. E, para não restar dúvida de que as implicações dessas decisões serão marcadas no tempo geológico, as palavras de Rich são enfatizadas por fotos aéreas de George Steinmetz, que tomam páginas inteiras e documentam dolorosamente o rápido desmantelamento dos ecossistemas do planeta, desde a água corrente onde o gelo da Groenlândia costumava estar até as grandes proliferações de algas no terceiro maior lago da China.
O texto quase do tamanho de um conto representa um tipo de compromisso midiático que a crise do clima merece há muito tempo, mas quase nunca recebeu. Todos já ouvimos as diversas desculpas para a pequena questão de nosso único lar estar sendo tomado de nós não servir como notícia urgente: “A mudança climática acontecerá daqui a muito tempo”; “Não é apropriado falar sobre política quando as pessoas estão perdendo suas vidas em furacões e incêndios”; “Jornalistas seguem as notícias, eles não as criam – e os políticos não estão falando sobre as mudanças climáticas”; e, é claro: “Todas as vezes que tentamos, nossa audiência diminui”.
https://theintercept.com/2018/08/10/nathaniel-rich-mudancas-climaticas-capitalismo/
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