Entre 2017 e 2050, 50% do volume das geleiras terá desaparecido independentemente da redução das emissões de gases do efeito estufa nos próximos anos
Londres — Pesquisadores da Suíça alertaram que as geleiras dos Alpes correm o risco de perder 90% de seu volume até 2100 por causa do aquecimento global, de acordo com um estudo publicado na revista científica “The Cryosphere” nesta terça-feira.
O relatório contém as estimativas mais atualizadas e detalhadas sobre o futuro de todos as geleiras nos Alpes – que são cerca de 4 mil – e prevê grandes mudanças nas próximas décadas.
Os resultados obtidos se concentram em dois períodos futuros: o compreendido entre 2017 e 2050 e o que corresponde à situação das geleiras após o ano de 2050.
As conclusões do estudo evidenciam que, de 2017 a 2050, 50% do volume das geleiras terá desaparecido independentemente da redução das emissões de gases do efeito estufa nos próximos anos.
Esta realidade irreversível acontece porque, atualmente, há gelo “demais”, ou seja, o volume ainda reflete o clima mais frio do passado porque as geleiras respondem lentamente às condições meteorológicas em transformação.
Esta realidade irreversível acontece porque, atualmente, há gelo “demais”, ou seja, o volume ainda reflete o clima mais frio do passado porque as geleiras respondem lentamente às condições meteorológicas em transformação.
Os pesquisadores disseram que, mesmo que seja possível deter a mudança climática e manter os níveis dos últimos dez anos, as geleiras seguirão perdendo cerca de 40% do volume atual até 2050 devido ao tempo de resposta das mesmas.
Depois de 2050, a situação das geleiras “dependerá em grande medida de como o clima irá evoluir”, destacou o autor do artigo, Harry Zekollari – pesquisador da ETH Zurique e do Instituto Federal Suíço de Pesquisa de Florestas, Neve e Paisagem.
Nesse sentido, os autores falam de dois cenários possíveis para as geleiras no futuro em função do nível de gases do efeito estufa que forem liberados na atmosfera.
Por um lado, em um contexto de aquecimento limitado (RCP2.6), no qual as emissões diminuiriam rapidamente após alcançarem seu ponto máximo, as geleiras alpinas se reduziriam para 37 quilômetros cúbicos até 2100, menos de um terço de seu volume atual.
Já no caso de um aumento das emissões (RCP8.5), os Alpes ficarão praticamente livres de gelo até 2100, enquanto as regiões com gelo ficariam limitadas às alturas.
Conforme destaca o estudo, as emissões globais estão atualmente acima das projeções deste último cenário.
Por isso, a equipe de pesquisadores suíços adverte que o desaparecimento dessas formações teria grande impacto nos Alpes, já que as geleiras são parte importante do ecossistema, da paisagem e da economia da região.
Sua perda afetaria a fauna e a flora da região, que tem nas geleiras sua principal fonte de água, assim como a agricultura e a geração de energia por usinas hidrelétricas, que é especialmente importante nos períodos de calor e seca.
Fonte: Revista Exame
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