DESDE SEXTA-FEIRA, dia 8, uma foto emblemática escancarou o racismo e a supremacia branca no Brasil. Nela, Donata Meirelles, então diretora da Vogue Brasil, uma mulher branca, aparece sentada numa cadeira utilizada pelas mães de santo no Candomblé cercada de figurantes negras vestidas com roupas tradicionais de baianas – saias longas rodadas, batas brancas, panos da costa, turbantes, múltiplos colares dourados e prateados, brincos e pulseiras. A imagem fatídica era clara: negros em posições subjugadas ao lado de uma branca em um cenário onde a cultura negra é apropriada com fins festivos – Donata celebrava seus 50 anos. Oitenta por cento da população de Salvador é negra, mas a indústria de turismo que vive da imagem de homens e mulheres negras é branca. “Sorria, você está na Bahia!” Donata se desculpou e pediu demissão da revista.
Nem uma semana depois de as imagens da festa evocando a escravidão gerarem uma onda de revolta nas mídias sociais, um jovem negro de 19 anos foi assassinado por um segurança no supermercado Extra no Rio de Janeiro. Pedro Henrique Gonzaga foi morto a sangue frio, depois de ter sido sufocado até a morte pelo segurança, diante de várias testemunhas, algumas das quais alertaram para a morte iminente do jovem.
https://theintercept.com/2019/02/18/indenizado-fim-escravidao/
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