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O Pantanal em chamas

Incêndios disparam na região, um dos mais ricos biomas do mundo, e em apenas cinco dias se alastram por área de 50 mil hectares. Clima atípico favorece propagação das chamas, mas bombeiros não descartam ação criminosa.

Bombeiros no combate às chamas em Corumbá, Mato Grosso do Sul.

Incêndios classificados pelo governo de Mato Grosso do Sul como "de proporções nunca antes registradas” se alastram pelo Pantanal e já haviam consumido, até o início desta sexta-feira (01/11), uma área de 50 mil hectares.


O incêndio é o ápice de um mês especialmente ruim na região: segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), outubro teve 2.427 focos de incêndio, muito acima dos 120 do mesmo período de 2018.

Fogo em Corumbá: chamas chegam a seis metros de altura.

Trata-se do pior mês outubro desde 2002, quando foram contabilizados 2.761 incêndios no bioma, o maior índice registrado até o momento.


A situação se agravou na última semana. Mais de 50 mil hectares foram queimados durante cinco dias, um desastre, segundo um boletim do governo do estado de Mato Grosso do Sul, "nunca ocorrido antes”.


"O incêndio na região é impressionante, afeta mais de 50 mil hectares e cria dificuldades logísticas”, disse o coordenador do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos, Paulo Barbosa de Souza, sobre a área, citado por um boletim do governo estadual.


O cenário que ficou ao longo da BR-262, no Pantanal de Mato Grosso do Sul, depois da passagem do fogo por mais de 60 quilômetros no sentido Oeste-Leste-Sul em linha reta, é descrito pelo governo estadual como "um campo devastador”. Sobraram cinzas e paus retorcidos onde era vegetação nativa. 


Os pontos mais críticos estão nos municípios de Aquidauana, Miranda e Corumbá, este último, segundo o Inpe, o recordista em focos de incêndio no país neste ano.

Moradores observam o avanço das chamas em Mato Grosso do Sul.

O incêndio generalizado é considerado pouco comum para a época, que costuma ter maior volume de chuvas. O clima seco, com temperaturas altas e ventos fortes, cria um ambiente propício para as chamas e facilita a sua propagação.


Segundo os bombeiros, a extensão total do terreno atingido pelo fogo pode ser ainda maior, porque as chamas alcançam a vegetação rasteira e também a copa das árvores. Nesses pontos, as labaredas podem chegar a 5 ou 6 metros de altura.


O trecho em chamas abrangeria, majoritariamente, propriedades privadas. Os bombeiros não descartam a hipótese de o incêndio ter caráter criminoso, devido à grande quantidade de focos.


A região atingida pelo incêndio encontra-se em um dos mais importantes biomas do mundo. No Pantanal, já foram identificadas quase 2.000 espécies de plantas. No bioma, também vivem muitas espécies que já estão ameaçadas em outras regiões do Brasil.


 "Toda a nossa área é 100% monitorada por satélite e mantemos nosso pessoal treinado. O fogo surgiu no domingo na beira do rio Miranda e ao longo da rodovia BR-262”, disse o capitão dos Bombeiros Vinicius Barbosa Gonçalves, que está á frente das operações de campo. "Estou aqui na região há pouco tempo, mas quem é morador antigo fala que nunca houve um fogo tão intenso como esse. Tivemos uma área muito grande queimada, mas ainda não dimensionamos a extensão e os prejuízos.”


O Inpe registrou 8.479 focos de incêndio no Pantanal de janeiro até outubro, alta de 462% em relação ao mesmo período de 2018. Desde o último domingo, o bioma voltou a sofrer mais intensamente com o fogo.


O governo estadual anunciou uma operação contra os incêndios a ser lançada neste fim de semana nas área mais críticas, nos municípios pantaneiros de Miranda, Aquidauana e Corumbá. Duas aeronaves e 95 homens vão e juntar à força-tarefa que já atua na região. O governo do Distrito Federal vai deslocar 35 bombeiros e um avião Air Tractor equipado com lança-água para apoiar o combate às chamas. Outros 60 brigadistas do Ibama e do Instituto Chico Mendes irão para a área.


Fonte: DW Notícias

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