O racismo antinegro, estabelecido globalmente, permite às negras e negros incorporar experiências que dizem respeito não apenas a realidade mais imediata, mas também a de outros negros, mesmo que nunca as tenhamos vivenciado diretamente.
Por Douglas Belchior*
Ao longo de séculos, a partir do fenômeno da diáspora africana, duas condições se instituíram permanentemente reais na vida de africanos e seus descendentes na América: A primeira é de que, negros são um grupo em que a dimensão de raça extrapola qualquer outra condição. Ou seja, um negro é antes de tudo um negro, com todas as conotações de subordinação que isto implica, em qualquer parte do chamado Novo Mundo.
A outra condição tem a ver com o fato de que o racismo antinegro, estabelecido globalmente, permite às negras e negros incorporar experiências que dizem respeito não apenas a nossa realidade mais imediata, mas também a de outros negros, mesmo que nunca as tenhamos vivenciado diretamente. Há elementos na nossa identidade negra que são globais. E isto ocorre mesmo considerando que ela é mediada por diferenças nacionais, de gênero e de classe social.
As ações e formulações que visam enfrentar ideologias, grupos e estruturas que sustentam o racismo também contemplam projetos adotados por negros em diferentes circunstâncias. Embora isso não signifique que modelos de luta contra o racismo em um lugar possam ser totalmente replicados em outro. Não. Mas, podem inspirar e motivar. Há sempre algo a aprender uns com as experiências de outros.
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