Maior exportador mundial da fruta, país sul-americano suspende exportação a supermercados alemães por reduzirem demais o valor do produto. Banana tem papel tão importante quanto petróleo no combate à pobreza no Equador.
Maior exportador de bananas do mundo, o Equador vem tentando há tempos organizar uma frente de países produtores na América do Sul para impedir a rede alemã de supermercados Aldi de aplicar pressão injusta sobre agricultores locais através de sua política agressiva de preços.
Uma reportagem do jornal alemão TAZ publicada na semana passada afirmou que, além do mercado de descontos Aldi, os rivais nacionais Netto e Edeka também têm vendido banana a menos de um euro por quilo, um valor tão baixo que viola os diretos humanos dos agricultores no Equador e em outros países latino-americanos.
Segundo o site World's Top Exports, o Equador se destacou como o maior exportador de banana do mundo em 2017, tendo sido responsável por 3 bilhões de dólares em vendas, ou 24,6% das vendas globais. Como um todo, a América Latina e o Caribe somaram o maior valor de exportações da fruta no período, totalizando 7,2 bilhões de dólares em vendas.
Só para a Alemanha foram enviadas, em 2018, 90 mil toneladas de bananas produzidas em fair trade(comércio justo) em Costa Rica, Equador, Guatemala e Colômbia, afirma o TAZ. O país europeu tem participação de 12,5% no comércio mundial de bananas. Segundo o jornal, a fruta se tornou "a predileta dos alemães".
O barateamento da banana levou o Equador a interromper suas vendas ao Aldi, e o fornecimento só será retomado quando um preço mais alto por engradado for negociado, informou à DW Dieter Overath, diretor administrativo da Transfair, uma organização alemã sem fins lucrativos.
O governo do Equador protestou contra a política de preços da rede alemã em carta aberta. O Aldi, por sua vez, não respondeu a um pedido de entrevista da DW.
Overath enfatizou que nem todas as redes de supermercados alemãs seguiram a redução de preços do Aldi. Ele mencionou especificamente a rede de descontos Lidl, que anunciou no ano passado que, em breve, venderia apenas bananas fair trade em suas filiais.
"Esperávamos um efeito dominó, que outras redes seguissem [o exemplo]", explicou Overath ao TAZ. "É chocante que esteja acontecendo exatamente o contrário e que a reação de alguns supermercados baratos seja diminuir os preços ainda mais."
Segundo a organização Fairtrade International, com sede em Bonn, na Alemanha, algumas dessas redes de descontos expressaram intenção de reduzir para 4,50 dólares o preço do engradado de 18 quilos de banana.
A instituição calculou ser necessário um valor mínimo de 9,45 dólares por engradado para que se possa oferecer salários decentes e treinamentos aos agricultores locais, permitindo assim que eles atinjam padrões ecológicos modernos de produção. No Equador, segundo o diário TAZ, o preço mínimo definido por lei é de 6,20 dólares por engradado.
A estratégia de precificação agressiva do Aldi e de alguns outros supermercados de descontos na Alemanha atraiu a ira do ministro alemão do Desenvolvimento, Gerd Müller, que deverá viajar à América Latina – incluindo o Equador – daqui a algumas semanas para discutir o assunto com autoridades locais.
Para a Transfair e a Oxfam – outra organização sem fins lucrativos –, são os consumidores que poderão desempenhar um papel decisivo para fazer o Aldi e seus concorrentes reconsiderarem sua política de preços.
Fonte: Deutsche Welle Brasil
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