top of page

Um banco contra a corrente

A tendência é de alta dos juros, mas o BDMG decidiu baixá-los e aumentou em 30% o atendimento a micro e pequenas empresas



Marco Crocco, presidente do BDMG, anunciou diminuição da taxa de empréstimos



Em que pese a inflação baixa e o fato de o Banco Central ter decidido em maio manter os juros em 6,5%, poucos duvidam da tendência de alta no País para garantir um mínimo de atratividade às aplicações locais frente a escalada de elevações de taxas nos Estados Unidos, entre aquelas ocorridas e outras programadas pelo Federal Reserve, o BC dos Estados Unidos.


Apesar desse contexto, o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais anunciou na sexta-feira 15 nova diminuição da taxa de empréstimos para micro e pequenas empresas. Segundo o presidente do BDMG, Marco Crocco, a queda é parte de uma série de reduções e foi decidida apesar dos aumentos das taxas dos repasses feitos pelo BNDES porque "é papel fundamental dos bancos de desenvolvimento diminuir o preço do dinheiro emprestado". Além disso, a instituição mineira "passa para o preço final a eficiência adquirida com a redução dos seus custos".

Na difícil conjuntura atual, enquanto os bancos comerciais privados destinam só 40% ao crédito e restante vai para aplicações financeiras, os bancos de desenvolvimento e as agências de fomento endereçam 80% das suas disponibilidades para empréstimos, explica Crocco na entrevista a seguir concedida à CartaCapital:

CartaCapital:  Por que o BDMG decidiu-se por uma nova redução de taxas para capital de giro em um contexto de tendência de alta no País?

Marco Crocco: A redução foi possível pois, apesar das dificuldades, dos aumentos do BNDES em suas taxas de repasse, acreditamos que é papel fundamental de um banco de desenvolvimento buscar reduzir ao máximo, garantida sua sustentabilidade, a taxa dos empréstimos que faz. O banco adquiriu eficiência e estamos passando esse ganho para o preço final dos financiamentos. O BDMG tem reduzido custos desde o início da atual gestão.

CC: O que o banco ganha baixando taxas de empréstimo?

MC: Uma redução de taxas é um bom chamariz para empresas desse segmento, que tem na taxa um atributo importante na tomada de decisão de tomar ou não o crédito. As reduções sempre chamam mais clientes a conhecer o banco e sua forma de atender, via plataforma de crédito baseada na web e por meio da rede de correspondentes bancários. Até abril deste ano, atendemos cerca de 30% a mais de clientes na comparação com igual período do ano passado. O objetivo para 2018 é crescer 60% em relação a 2017. CC: Como funciona essa linha de crédito para MPEs?

MC:  O BDMG, em sua atuação com micro e pequenas empresas, não diferencia o tipo de empréstimo. O banco entende que dadas as especificidades de uma MPE, suas necessidades e sua capacidade gerencial, não deve "carimbar" o empréstimo. Ele é concedido e o empresário decide a sua destinação. Assim a instituição desburocratiza o processo e alavanca as MPEs. Portanto, essa não é apenas uma linha para giro, mas uma linha para MPE.

CC: Como é que esta decisão do BDMG se insere no contexto das políticas de crédito dos demais bancos de desenvolvimento do País e ainda no contexto do sistema privado de crédito no momento atual?

MC: A vocação de bancos de desenvolvimento e das agências de fomento  é o crédito. Ao ler o balanço desses bancos, constata-se que 80% do seu ativo estão em operações de crédito, no fornecimento de crédito. No setor privado, esse número chega a 40%. O restante da receitas dos bancos comerciais é referente às operações financeiras. Os bancos de desenvolvimento, as agências de fomento e o BNDES têm cerca de 80% do seu ativo em operações de crédito. Essa é uma vocação natural do sistema de fomento, ainda mais importante num momento como o atual em que o sistema privado não empresta.

CC: Ou seja, nos momentos em que a economia mais necessita, os bancos comerciais privados menos emprestam.

MC: Essa é a grande discussão do Brasil. O sistema privado é pró-cíclico: quando a economia vai mal, o risco aumenta, ele não empresta e prefere aplicar o dinheiro no mercado financeiro. Os bancos de desenvolvimento, pela sua vocação têm um trabalho diferenciado. Aceitam risco maior e operações com rentabilidade menor, garantindo sua estabilidade, mas tendo como medida do seu resultado o impacto que ele tem na sociedade. Portanto essa política de apoiar as MPEs é uma missão do banco de, num momento de crise, garantir a sustentabilidade do setor que gera empregos no Brasil.

CC: Quais as conexões entre a redução de taxas para capital de giro e demais políticas do próprio BDMG? MC: O BDMG tem atuado e procura sempre reduzir sua taxa e juros, sua eficiência, seja em captação, seja operacional para setores que ele considera prioritários: sustentabilidade, inovação, MPE, agropecuária e desenvolvimento regional e social. Essa é a missão e nesse sentido o banco tem, gradativamente, anunciando reduções de taxas de juros.


Fonte: https://www.cartacapital.com.br/economia/um-banco-contra-a-corrente



2 visualizações0 comentário

Opmerkingen


bottom of page