Após três anos sem divulgar dados oficiais, Banco Central venezuelano confirma que país atravessa hiperinflação, mas apresenta números bem menores que os estimados pelo FMI. PIB se contraiu quase 50% desde 2013.
O Banco Central da Venezuela (BCV) rompeu um silêncio de três anos sobre os dados econômicos do país e informou nesta terça-feira (28/05) que a inflação chegou a 130.060% em 2018.
Os números oficiais confirmam a hiperinflação no país, ainda que estejam bem abaixo das estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI), de 1.370.000% para 2018. Para este ano, o FMI projetou uma inflação de 10.000.000%.
Segundo os primeiros dados econômicos divulgados pelo BCV desde 2016, a inflação atingiu 274,4% naquele ano, e 862,6% em 2017.
O Produto Interno Bruto (PIB) venezuelano se contraiu em 47,6% entre 2013 e 2018. Em 2017, a redução do PIB foi de 18,6%, e em 2018, de 19,2% até o terceiro trimestre. Somente no último trimestre do ano passado, a contração foi de 22,5%.
O BCV informou que as exportações de petróleo no país – que correspondem a 96% das receitas do país – despencaram para 29,810 bilhões de dólares em 2018. Em 2013, somavam 85,603 bilhões de dólares e, 71,732 bilhões em 2014, quando o preço do petróleo bruto despencou, aprofundando a crise econômica na Venezuela.
Mesmo com a melhora no mercado a partir de 2016, uma queda abrupta na produção petrolífera do país impediu uma retomada maior dos rendimentos. Dados da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) confirmam que a oferta de petróleo venezuelano, que há uma década era de 3,2 milhões de barris por dia, caiu para 1,3 milhão em abril.
As importações, vitais para o país, caíram de 57,183 bilhões de dólares em 2013 para 14,866 bilhões em 2018, acirrando a escassez de produtos essenciais. Os venezuelanos enfrentam uma grave crise de abastecimento de alimentos básicos e medicamentos, além de gasolina que é, em grande parte, importada.
A grave crise econômica no país, acirrada pela instabilidade política, levou mais de três milhões de venezuelanos a buscarem refúgio em outros países desde 2015, segundo dados da ONU.
O presidente Nicolás Maduro, que teve sua legitimidade no cargo contestada pelo autoproclamado presidente interino Juan Guaidó – apoiado pelos Estados Unidos e reconhecido por diversos outros governos – atribui o mau desempenho econômico da Venezuela às sanções impostas por Washington ao país e sua estatal petrolífera PDVSA.
Alguns analistas, porém, afirmam que a maior parte dos danos à economia já vinha de muito antes da imposição das sanções americanas.
Fonte: DW Notícias
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